sábado, 25 de fevereiro de 2017

Ela
























Ela e eu, eu e ela,
as faces opostas da mesma moeda.
Ela traja o rigor da indumentária vertical do dia-a-dia,
numa mão carrega o equilíbrio
e na outra a simetria.
Mas de vez quando esconde no bolso
o tempo de que não dispõe para me dar.
Hoje, resto-me rasto dos restos que ela deixou cair por terra.
Saudade de qual afecto, cujo sabor há muito lhe secou na boca.
Desencantou-se, desapaixonou-se, desacreditou-se,
e ultimamente quando olha para mim,
lança-me aquele olhar fulminante,
de quem urge matar por fome e sede.
Básicos instintos pelo quais apraz matar…
Tenho cá para mim, que em breve, ela vai vestir a minha pele.
“Caramba Rapariga,
estás mesmo precisada
de te entregar
de olhos fechados à minha cegueira.
Ou morres, ou matas.
Qual grão de amor, qual carapuça.
Sacode a poeira das asas, lança-te ao voo e deixa-te de merdas!”