sexta-feira, 5 de junho de 2015

Se


Frencesca Woodman

Se me perguntasses,
se faria amor contigo?!
Prontamente diria que sim,
que o faria sem pensar...
Entregar-te-ia o meu corpo desnudo
de olhos fechados
e com as mãos acorrentadas ao mundo,
mesmo sabendo 
que dele nada beberias...


terça-feira, 26 de maio de 2015

see you soon

De momento, não há mais nada a acrescentar à palavra de lamento que te dei. Também sei que não há nada, nem ninguém que te possa aliviar tamanha dor, nem mesmo todas as lágrimas que possas chorar. As perdas de vida são irreversíveis. Para além do vazio atroz que assiste dentro de nós, que nos resume a nada, leva-nos para tomadas de consciência do quão miserável e insignificante é a nossa condição humana...
Só a prática dos bons actos durante a vida a dignifica. 
Guarda no coração a memória do homem que fez de ti o homem admirável que és. Tu és a prova viva de vida do Homem que te deu vida, lembra-te sempre disso.
Sei que não tenho legitimidade para te confortar, por isso a teu pedido remeto-me ao silêncio e respeito o teu recato, mas quero que saibas que estou aqui e que estarei sempre aqui por ti e para ti. O tempo tem sido testemunho do quanto a distância e os silêncios no tempo, até à data não tiveram sucesso em nos afastar, e não vai ser mais este momento de provação que o vai permitir.
Entraste na minha vida pela porta do coração, por isso, está visto, vou continuar aqui à espera de ti. Porque sim, porque para além de ti só existes tu e mais ninguém capaz de preencher o vazio que persiste dentro de mim.
Há perdas e há pessoas que nos transformam e nos mudam radicalmente, ora levam-nos para viagens de ida, ora para outras sem V de volta. Tu mudaste-me, fizeste de mim uma pessoa melhor, a minha viagem só tem passagem de ida. Quer regresses ou não desta tua nova caminhada, quero que nunca te esqueças que te quero mais que bem e que apesar do tempo continuas a ser o meu melhor momento...

Até Breve

domingo, 26 de abril de 2015

Tomadas de (in)consciência


Tem dias que me sinto uma ilha vazia rodeada por um oceano sem terra à vista. Nesses dias, nem os dias mornos e soalheiros de primavera tem a capacidade de me aquecer a pele e dar alegria. Malfadados dias de tomadas de consciência;
"O passado pariu um presente sem futuro".
Já nos outros dias vou vivendo a minha vida das loucuras que invento...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Se soubesses...

Se soubesses o quanto as tuas atitudes e palavras farpadas me rasgam as entranhas e me traçam mágoa no olhar pálido de calmia aparente...
Se soubesses quantas vezes tenho vontade de gritar a ira e vomitar a esgana que me fazes engolir sem previamente a digerir… 
Se soubesses… Mas tu, bem lá no fundo, sabes. Tu sabes-me, sentes-me, não o consentes, guardas, calas e depois a seguir arrependeste… Também sei que tu também sabes que os malfadados hiatos provocam cacos na nossa crónica, e que um dia tais destroços poderão não oferecer capacidade de resposta à peça inteira da história...


domingo, 22 de março de 2015

Sem Título
























Fazes uma pequena ideia,
do quanto ansiei pela tua chegada?
Sabes quantas vezes
projectei a tua entrada na porta
da minha morada?
Se soubesses quantas vezes
tentei resgatar o brilho do meu sorriso,
no aconchego alheio em busca do teu cheiro!
E agora, apareces do nada,
querendo tudo por inteiro,
quando o leito do meu rio está frio,
seco e vazio.
Quando partiste,
quem mais perdeu foste tu
e não eu,
por quem o meu querer sentir
secou, morreu.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Sobremesa


Posso ser-te tudo aquilo
que tu desejas que eu te seja;
Doce, bruta, dama
ou put@.
E mais certeza podes ter 
que na hora da mordedura,
prazer
sobre a mesa
abundará com fartura.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Eclipse


No dia 
em que os nossos olhos
se tocarem,
a lua será a silhueta perfeita 
do sol.
No instante a seguir,
os nossos corpos banais
não mais terão
razão 
de existir.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ensaio a duas mãos



























Não me vou repetir,
tão pouco te vou responder ao que estás farto de saber…
Reservo-me ao tempo em que te havia dito;

“Porque há palavras que são tanto mais bonitas quando guardadas no silêncio das palavras não ditas, aquelas que guardo dentro de mim, só para ti”

Maria Flor

Sabes o que me és. Sentes-me, ouves-me e vês-me através da sombra com que me desenhas nos teus poemas.
Que mais há para dizer! Quando me sabes tua, e eu te sinto sem igual!

Respostas?! Para quê?
Certezas! Já as tens todas!

Agora deixo-te um desafio!
Aproveita o embalo da navalha e dá-lhe fio.
Deixo-te aqui um esquisso para um ensaio a duas mãos,
as nossas!

"Não sei o que me fica na mão
quando me dou desamparada e perdida.
Apanhada sem pé no chão,
tombo de asa rasgada na ferida".

Maria Flor

“E a sua mão estendida te ergue,
e no seu seio te acalma.
Nele matas essa sede
e curas a ferida da alma”

Ele


sábado, 31 de janeiro de 2015

Segredos
































Há segredos tão só nossos, 
que não devemos revela-los nem sequer a nós próprios...



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Cicuta


Antes de me
ver caída
de joelhos ao chão
à mão do teu chá
de Cicuta,
ver-te-ei, 
(recostada na poltrona 
dura da vida e na primeira fila),  
morrer em primeiro lugar
envenenado
na tua própria
mordida.

Se soubesses das vezes que as minhas entranhas dão um nó de raiva e agonia, tu fugias!!!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Crime






























Como é possível vencer esta impotência, 
quando me castigas 
com esse teu olhar de reprovação e indiferença!?
O meu crime é só (de) um...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Loucura Tardia

Sei perfeitamente que o mundo não gira em volta do meu umbigo. Mas só eu sei como me senti, não tu, nem mais ninguém. Fizeste-me sentir mais pequena que o grão do pó que cobre as pedras da calçada, esventrada e de alma traída. Só eu sei, não tu, nem mais ninguém, como me senti perdida, para além de tonta, parva e ridícula.
Estarei confusa, demasiadamente envolvida, ou entranhada numa ideia peregrina que me levará a mente a uma loucura tardia? Talvez. Só assim justifico o quanto me firo na lança da desconfiança.
Mas como tu bem sabes, sou humana, tempero de mulher imperfeita com muito coração e muito sangue quente a correr na veia. Aqui não mora nenhuma ameixa negra seca, ao contrário de ti, quando te serves perante mim num ser frio, duro, quase a roçar ao corrosivo.
Deve ser por me saberes uma eterna romântica ou quiçá uma alma perdida, que de vez em quando o coração é-me sugado para te encher de vida, e sempre que me dou em doces prestações, tu abres a mão e matas-me de seguida.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Ele




























Ela vive um afecto legítimo,
mas é por ele que o seu coração 
morre todos os dias,
a cada dia.
Ele, o maldito, 
aquele do seu eterno desassossego,
que nem a distância 
nem o tempo lhe cria desapego.
Mas ainda assim,
gosta de o ter
e de o sentir por perto,
mesmo sabendo que a matéria, 
jamais lhes será entregue.