domingo, 2 de abril de 2017

Correspondência

Um destes dias, ou seja, numa destas noites, durante a prática do sofá – terapia, enquanto corria todos os canais da TV, tropecei neste filme, "Correspondence". Qual o meu espanto, constatei que ali reside mais um espelho intemporal que reflecte estórias de amor que se perpetuam no tempo, pelo tempo e ao longo do tempo para além do tempo.


Das cartas trocadas entre Ofélia Queiroz e Fenando Pessoas, ao mesmo tipo de correspondência trocada informaticamente, pelo Ed. o Feiticeiro e pela Amy, a Camicase, neste registo cinematográfico, consigo rever fragmentos do nosso testemunho, ora pela idade de ambos os intervenientes, ora pelo conteúdo material do respetivo enredo afectivo...


Se por um lado esboço um sorriso, por ter o privilégio de viver “momentos” únicos, bonitos e genuínos, por outro lado aninho arredia a este caminho que inflige uma dor aguda que se exige muda. Não nos é permitido gritar nem exteriorizar a dor da saudade e da ausência. 
O percurso faz-se duro, de olhos postos no céu e no mar, para amortecer a dor da falta da presença de quem não nos pertence de facto nem de direito, e para nos conferir uma réstia de esperança, que se guarda sempre debaixo da asa, de que um dia o impossível acontecerá.

Agruras à parte, deixo-te aqui mais um dos meus delírios afectivos.

Eu sei que um dia vou passear contigo de mãos dadas pela rua aos olhos do mundo, a rir, a sorrir e a gargalhar, em plena alegria, só por estarmos ali, eu e tu, finalmente juntos.
Iremos ao parque da cidade, correr, rebolar na relva, andar no carrossel, gritar na montanha russa e encher a barriga de pipocas e nuvens de algodão doce, que nem dois adolescentes enfeitiçados. No fim do dia daremos aquela caminhada pela praia, com os pés descalços na areia molhada, de olhos postos no pôr-do-sol, a ouvir a canção do mar, e, quando o manto de estrelas nos aconchegar, encostarei a cabeça no teu peito para me deixar dormir no embalo do compasso do teu coração, até a aurora despertar.

Eu sei que esse dia, um dia vai-nos chegar.

Espero-te bem.
Saudades!

2 comentários: